Entrevista com a atriz Maria Maya em maio pela revista QUEM!
De sua generosa varanda debruçada sobre a avenida que margeia o mar da Barra da Tijuca, Maria Maya tem a visão privilegiada de boa extensão da praia. Há pouco mais de dois anos, ela mora sozinha nesse apartamento. No entanto, diz que nunca pôs o pé na areia: “Tenho muita vergonha, sou tímida”, diz. Filha dos diretores Wolf Maya e Cininha de Paula, sobrinha de Chico Anysio, prima de Bruno Mazzeo e Marcos Palmeira e afilhada de Nathália Timberg, Maria nasceu e cresceu no meio artístico. “Já pensei em fazer administração, para poder cuidar dos negócios da família, mas virei artista mesmo”, diz. Aos 28 anos, interpretando sua sexta personagem em novelas, agora como a emo-roqueira-punk-gótica Inês de Caminho das Índias, de Glória Perez, ela conversa sobre a pressão de fazer parte de uma família de artistas consagrados. “É exigência minha estar à altura de todos eles”, diz a atriz, que está em cartaz no Rio com a peça Play, baseada no filme Sexo, Mentiras e Videoteipe, de Steven Soderbergh. Em duas horas de bate-papo, Maria também conta que está solteira e fala sobre o término, há pouco mais de um ano, do casamento com o ator Ernani Moraes, de 53 anos, com quem foi casada por cinco anos.
QUEM: Por que a maioria de seus personagens na TV é caricata?
MARIA MAYA: Não sei. TV tem esse limite tênue. Se você carregar um pouco mais, pode ficar exagerado. Trabalho com tipos e Inês é um prato cheio. Já fiz hipocondríaca, índia, passista de escola de samba, adolescente rebelde. A Inês foi um presente, está no núcleo que trataria a esquizofrenia. Ela é uma dark-romântica, para usar um termo londrino. É um misto de David Bowie, Cyndi Lauper e Tim Burton.
"ME VESTIA DE MENDIGA, ME SUJAVA TODA E IA PARA O SINAL DE TRÂNSITO PEDIR ESMOLA. ENTRAVA NA ABBR E FALAVA PROS FUNCIONÁRIOS QUE MINHA MÃE ERA PARAPLÉGICA, SÓ PARA PODER NADAR NAS PISCINAS DO CLUBE."
QUEM: Você foi uma jovem rebelde, como a Inês?
MM: Não tive motivos para isso. Nasci numa família de artistas, minha educação foi bastante tranquila. Cresci com inúmeras referências. Meu lado Inês veio aos 15 anos, quando fui clubber. Tive cabelos azulados, bolsas diferentes, roupas coloridas. Não era para chamar a atenção ou chocar, era a opção de ser diferente, tentar criar uma identidade. Nasci praticamente em Nova York, para onde eu ia desde criança. Via esse tipo de gente nas ruas e achava genial.
QUEM: Como foi sua educação?
MM: Foi tradicional, como em qualquer casa. Meus pais brigavam como qualquer casal. Na verdade, eles já eram separados quando nasci. Ficava com meu pai nos fins de semana, quando a gente viajava. Minha mãe era mais general.
QUEM: Lembra de alguma rebeldia sua da infância?
MM: Enquanto os outros brincavam de boneca, eu queria fazer contas, andar pelo mercado, era coisa de adulta. Fui precoce. Tudo que eu ganhava, pendurava de cabeça para baixo no varal. Odiava Barbie. Me vestia de mendiga, me sujava toda e ia para o sinal do trânsito pedir esmola. Entrava na ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação) e falava pros funcionários que minha mãe era paraplégica, só para poder nadar nas piscinas do clube... Eu criava personagens.
QUEM: Ser filha de Wolf Maya atrapalha ou ajuda?
MM: Isso é um mito. Se existe alguma coisa de ruim, é uma cobrança minha como atriz, de estabelecer um rigor artístico que equivalha à minha família. É exigência minha estar à altura deles.
QUEM: Em algum momento foi criticada por sempre ter feito novelas que seu pai dirigia?
MM: Faço novelas dele como faço de outros diretores. Meu pai é um dos melhores diretores do Brasil e não falo isso como filha. Meus pais se conheceram na faculdade de medicina. Ele não chegou a se formar, mas minha mãe trabalhou na área. Já vi meu pai vendendo carro para produzir teatro. Ele e minha mãe faziam o próprio dinheiro, deixando de ter algum bem material para produzir peças. Foi bonito ver essa luta deles num tempo em que não havia patrocínio.
QUEM: Você falou que já foi clubber. Qual é seu estilo atualmente?
MM: Eu sou mutante. Passei por diferentes estilos. Fui clubber quando morei nos Estados Unidos. Não estar na moda é uma forma de estar sempre na moda. Não me preocupo com tendências, não sou consumista, não tenho roupas caríssimas. Apesar de morar na praia, não curto estar na praia. Sou caseira, não tenho empregada, eu que montei a casa toda, desenhei das lâmpadas aos móveis.
QUEM: Morando tão perto do mar, por que você não gosta de ir à praia?
MM: Tenho muita vergonha, sou tímida. Não coloco biquíni. É besteira minha, sei disso, mas não consigo. Já fui convidada para posar nua. Imagina! É uma questão ética minha. Preservo meu corpo.
QUEM: Você não se acha bonita?
MM: Não é que eu não me ache bonita. A beleza é transformada, você vai se tornando bonito. Ninguém nasce bonito. A beleza vem com valores. Mas também me torno uma pessoa feia. Tem camadas bonitas e feias em todo mundo.
QUEM: Tem problema de fazer cenas de nudez?
MM: Em A Muralha gravava nua, de peito de fora. Aí é o personagem, não é a Maria. Fico de sutiã e calcinha na peça Play. Minhas amigas dizem que não me entendem. Fico de calcinha no palco e não vou a praia com elas. Mas ali não é a Maria. Por isso que sou atriz. As outras vidas é que são interessantes para expor. Se me vir na praia, pode ter certeza de que não sou eu, é uma personagem (risos).
"TENHO MUITA VERGONHA, SOU TÍMIDA. NÃO COLOCO BIQUÍNI. É BESTEIRA MINHA, SEI DISSO, MAS NÃO CONSIGO. JÁ FUI CONVIDADA PARA POSAR NUA. IMAGINA! É UMA QUESTÃO ÉTICA MINHA. PRESERVO MEU CORPO."
QUEM: Quando marcamos essa matéria, você disse que “é polêmica, porque não é padrão”. O que quis dizer com isso?
MM: Não gosto de praia, não tenho situações cotidianas de passear bebendo água-de-coco. Não me autointitulo polêmica, falei isso mais para te impressionar do que para firmar uma coisa de identidade. Eu te impressionei?
QUEM: Sim.
MM: Ah, então é isso, consegui (risos)! Isso é ser polêmico. Não tenho medo de nada, sou abusada. Não tenho medo de errar, de acertar, de falar o que penso. A gente precisa dessa disponibilidade para a exposição.
QUEM: Você foi casada por cinco anos com o ator Ernani Moraes, 25 anos mais velho. A idade atrapalhou a relação?
MM: Não. Ele é um cara genial, é uma das pessoas mais importantes que conheci e com quem tive o prazer de estar casada por cinco anos. Foi meu grande amor e continua sendo até hoje. Terminamos há um ano e pouco.
QUEM: E por que terminaram?
MM: A relação acaba, se desgasta. Isso de amor eterno não cola comigo. Amor romântico não existe. A gente conseguiu terminar ainda se amando, é o mais bonito. Não tenho nada para falar sobre ele de negativo. Amei essa pessoa verdadeiramente até o final.
QUEM: Por que vocês moravam em casas separadas?
MM: A gente sempre morou em casas separadas porque é uma forma mais sadia. Quando se mora junto, você perde o olhar do que é seu e do outro, vira tudo uma coisa só. O bacana é ter seu espaço, seu momento para estar sozinho. A gente dormia praticamente todos os dias juntos. Mas é legal ter opção de estar na casa dele ou na minha. Isso é mais encantador. Quero levar isso para minhas próximas relações.
QUEM: Está namorando?
MM: Não, estou supersolteira e feliz. Mas, também, com que tempo, né? Até meu cachorro está me odiando pela falta de tempo. Quando estou junto, me entrego. Com TV e peça, nem tenho como pensar nisso.
Fonte: Quem
Postado por Daiane Rodrigues
Amei está entrevista..
ResponderExcluirMeninas se tudo de certo em Junho em Santo André vou entrevistar a Maria, já conversei com ela.. Vamos ver né.. se vcs quiser fazer um pergunta e so mandar para o e-mail oficial.. Obrigada sempre por está em nosso blog e nos ajudando... Beijos